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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Estresse no trabalho – Parte final

 

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Por: Monica Pinheiro

Médica do Trabalho, Ergonomista e Bacharel em Direito

 

I. IMPACTO SOCIAL DO ESTRESSE:

Como exemplo de impacto do distresse, na economia americana temos índices da ordem de 200 a 300 bilhões de dólares ao ano de custo direto e indireto consequente à presença dele (Masci, 1997). Nos EUA, estima-se que 60 a 80% dos seus acidentes de trabalho, relacionam-se com o estresse, idem em relação às doenças que causaram morte nesse país no ano de 1997. No Reino Unido cerca de 30 milhões de dias de trabalho são perdidos por conta do distresse. No Japão estima-se que cerca de 30 mil trabalhadores morrem por ano por excesso de trabalho. Na União Europeia o estresse é o segundo problema de saúde mais comum relacionado à profissão, em primeiro lugar estão as dores lombares.

No Brasil, o Centro Psicológico de Controle do Stress (Campinas), mostrou que cerca de 70% dos que procuram atendimento médico pertencem à área gerencial (Lipp, 2005). As classes mais atingidas pelo estresse no Brasil são os bancários, professores e os policiais militares.

O estresse pode afetar qualquer um de nós, independente do tipo de função que é executada. Estão menos vulneráveis a ele as pessoas que são propensas às mudanças, as mais tolerantes e aquelas que estão muito comprometidas com o que fazem. É por isso que hoje as empresas, têm a preocupação de investir em programas de qualidade de vida no trabalho (QVT). Esses programas, normalmente possuem um aspecto relacionado com ergonomia organizacional e outro com ações de promoção e prevenção de saúde (parte de intervenção médica).

O mercado de trabalho aponta como uma das qualidades dos excelentes profissionais a capacidade de absorver o estresse.

Já ficou provado que o nível de estresse é maior nas mulheres do que nos homens.

II. CLÍNICA:

O estudo da fisiopatologia do estresse será capaz de avaliar o quanto as modificações manifestadas no corpo podem ser consideradas defesa contra o agente agressor ou sintomas de lesão.

Os sintomas iniciais do estresse são comuns a todos os indivíduos: taquicardia, sudorese exagerada, tensão muscular, estado de alerta e boca seca. Só depois as reações se diferenciam, conforme a genética de cada um em acidentes ou doenças (Lipp,1998).

O estresse leva ao aparecimento de uma síndrome (porque ele tem etiologia multifatorial, mas produz um conjunto de sinais e sintomas que podem inclusive ser comuns a várias doenças, mas que não são consequentes a elas). A síndrome se caracteriza por fases sendo difícil diagnóstico e tratamento. São elas:

a) fase de alerta

Entra-se em contato com o agente agressor e o organismo se prepara para a “luta” ou “fuga” (Cannon,1939). Essa fase termina algumas horas após a eliminação da adrenalina e a restauração da homeostase (estressor de curta duração). Pronto restabelecimento do organismo sem danos se a pessoa souber lidar com o estresse. A fase de alerta pode aumentar a produtividade em função da motivação, entusiasmo e da energia que essa fase favorece. Entretanto, essa etapa não pode ser muito duradoura para não causar lesão. Tem–se nessa fase a ativação do sistema nervoso simpático e da medula da supra-renal (liberação da adrenalina).

b) fase de resistência

Ação reparadora do organismo com intuito de restabelecer o equilíbrio interno resistindo ao agressor que permanece. Fase em que se utiliza toda a energia adaptativa para se reequilibrar. Quando o indivíduo consegue, os sintomas iniciais desaparecem e a pessoa tem a sensação de melhora.

Fase onde ocorre sensação de desgaste generalizado e dificuldade de memória. As pessoas ficam mais susceptíveis ao aparecimento de doenças (herpes simples, psoríase, picos hipertensivos e aparecimento de diabetes nos indivíduos geneticamente predispostos)

A medula da supra-renal diminui a produção de adrenalina e o córtex aumenta a produção de glicocorticoide.

Se essa fase não for muito longa e o organismo tiver uma boa resposta compensadora o indivíduo sai do estresse sem sequela.

c) fase de quase-exaustão

Fase recém descoberta que se caracteriza por alterações da pressão arterial, tonteiras, aparecimento de infecções respiratórias, redução da libido, entre outras alterações.

d) fase de exaustão propriamente dita (esgotamento)

Fase mais crítica do estresse, que ocorre por manutenção prolongada do agente agressor ou por falha do mecanismo de adaptação. Nessa fase, pode ocorrer aumento da glicose e do colesterol. Temos ainda: transtornos do sono, aumento da ansiedade, possibilidade da ocorrência de depressão, inabilidade para tomar decisões, vontade de fugir de tudo, queda de cabelo, infecções de repetição, dificuldade de manter a atenção e concentração, baixa da auto–estima, maior irritabilidade e menor tolerância e paciência.

Em relação às alterações do sistema imunológico parecem que elas estão correlacionadas com ativação do sistema nervoso central, com a resposta hormonal e ainda por mudanças comportamentais. Situações de curta duração (estressores agudos), parecem ter ações predominantemente estimuladoras sobre o sistema imunológico, principalmente sobre o linfócito T. Já as exposições de longa duração aos agentes estressores levam a diminuição de diversos parâmetros imunológicos (Segerstrom & Miller,2004).

Outros Fatores identificados: comportamento marcado pela pressa, agressividade, melancolia, queda da produtividade e dificuldade de relação interpessoal com o grupo de trabalho (tendência ao isolamento ou agressividade). Perdurando o estressor ainda pode ser observado aumento das estruturas linfáticas.

O estresse pode induzir ao uso de álcool, tabaco, drogas de maneira indiscriminada.

As dificuldades relatadas acima se manifestam com frequência no trabalho e também no âmbito familiar.

OBS: durante o aparecimento do estresse temos a liberação de outros hormônios, tais como: GH, TSH, hormônios sexuais, vasopressina e prolactina (Fink, 2000).

A resposta ao estresse depende das características do indivíduo, da sua inteligência emocional, da capacidade de lidar com situações difíceis e não programadas. Exigindo uma certa flexibilidade.

*Síndrome do Burnout:

Ocorre em função de um desgaste ocupacional crônico e acaba por causar desinteresse pelo trabalho.

Qualquer trabalhador pode apresentar Burnout, mas é mais comum entre gerentes, líderes, chefes, etc... Frequente na área de saúde, na educação, atendentes públicos,etc....

Caracterizada por forte tensão emocional crônica, acompanhada por baixa da auto-estima, estafa, diminuição da produtividade.

Observa-se no acometido, adoção de atitude de frieza com todas as pessoas, além de perda da memória, alterações do humor, cansaço permanente, alterações gastrintestinais, cefaleia, sentimentos de frustração mialgia e dores nas costas.

III. TRATAMENTO E PREVENÇÃO:

A abordagem adequada do estresse requer multidisciplinaridade, ou seja, ação conjunta das áreas médica, da psicologia, recursos humanos das empresas, do melhor preparo das lideranças, da assistência social privada e governamental, assim como de estrutura familiar satisfatória, visto que o ser humano é um ser social e holístico. E, considerando que ele é único e que não deixa nenhuma de suas partes para fora da porta quando entra no seu trabalho, sendo a recíproca verdadeira em relação ao seu retorno ao lar, não cabe só tratar dos problemas que o atingem no ambiente laborativo, pois para existir efetividade adequada, nesse caso, exige-se um esforço maior, para que ocorra de fato, uma transformação positiva no estilo de vida do funcionário. Não se trata de interferir na privacidade dos trabalhadores e no seu direito de escolha, apenas torná-los mais esclarecidos (por meio de palestras e treinamentos) para que adotem um estilo de vida mais saudável.

A prevenção do estresse é feita sobre dois âmbitos o do indivíduo e o da organização. Em relação ao indivíduo é necessário que ocorra equilíbrio entre trabalho, lazer e repouso. A empresa deve favorecer relações interpessoais amistosas, capacitação e treinamento de todos os empregados, na medida do possível deve propiciar a instituição de pausas para recomposição orgânica, a organização do trabalho deve permitir maior autonomia sobre a tarefa, equilíbrio entre número de empregados e ritmo de trabalho, permissão do uso da criatividade e de regulação das demandas quando o processo permitir,deve incluir apoio da equipe por supervisores, líderes ou gerência direta. O importante é que ocorra equiparação correspondente entre esforço e recompensa. A desmotivação ocorre quando o trabalhador fica aquém ou além da sua capacidade produtiva.

Fazer mapeamento dos agentes estressores no ambiente de trabalho, iniciar pesquisa de campo por meio de entrevistas com os trabalhadores, procurando inclusive verificar a percepção deles em relação à tarefa que executam e as reações que adotam durante a realização das mesmas. Depois criar mecanismos de controle da exposição aos fatores de risco para poder intervir de maneira satisfatória na organização do trabalho.

Por fim orientar o trabalhador por meio de programas preventivos e assistenciais para que ele tenha melhor qualidade de vida e bem-estar.

A empresa sempre se beneficia quando cuida adequadamente do seu cliente interno: aumento da produtividade, reduz o absenteísmo, diminui custos médicos, tem-se menor rotatividade na mão-de–obra, menos pessoas são encaminhadas para a Previdência Social e menos custos com ações trabalhistas.

IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O valor que a organização dá a preservação das pessoas (bem mais precioso), reflete o grau de cultura e maturidade da mesma. Os trabalhadores precisam valorizar cada aspecto das suas vidas com entusiasmo, vislumbrando as oportunidades e perspectivas. Trabalho é realização profissional, subsistência e reconhecimento social.

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