Há dias que tudo que queremos fazer dá errado. Mas, por quê? Logo que o cidadão se levanta do leito tropeça em alguma coisa e às vezes acaba se machucando.
Depois do asseio matinal, ao se vestir, nota que falta um botão da camisa ou o fecho da calça torna-se perro. Na mesa, o café lhe queima a boca e o pão cai no chão, aberto e com o lado da manteiga pra baixo. O filho derrama café na mesa e o líquido quente cai sobre suas pernas. O individuo se aborrece, ralha com o guri e daí começa uma discussão banal que se acirra rapidamente. A mulher toma as dores pelo filho que, por ser inocente, não fez por mal.
Durante essa discussão, o leite derrama e enquanto a mulher cuida do leite, os ovos passam do ponto e por aí vai até que, sem perceber, os minutos se passam. Ele olha pro relógio e já está passando da hora de sair. O seu transporte, seja ele bicicleta, moto ou carro, está com o pneu baixo o que lhe deixa ainda mais nervoso.
- Mas, o que é que está acontecendo comigo hoje? – pergunta-se atordoado com os estranhos acontecimentos que lhe tolhem o discernimento e as idéias.
Remediados os primeiros contratempos, segue seu caminho rumo ao trabalho, lembrando de passar no posto mais próximo para calibrar os pneus e reabastecer, pois o veículo quase que não pega. Só que, ao enfiar a mão no bolso percebe que esqueceu a carteira...
Desse modo, continua o dia cheio de transtornos, um aborrecimento atrás do outro sem que haja um motivo aparente, um pesadelo que parece não ter mais fim e até que esse dia acabe a pessoa tem a impressão de que passou por um estágio do inferno existente aqui mesmo na Terra. Mais um fato que não tem explicação.